quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Nota sobre essa pequenez intrínseca

Pessoas felizes têm pensamentos felizes, assim como as ambiciosas têm pensamentos ambiciosos, logo pessoas pequenas têm pensamentos pequenos. O fato é que o mundo está cheio de pessoas pequenas, que assim são ou por não ter noção de sua pequenez ou a têm e ainda assim não se movem para crescer. Acho que nos acostumamos a estar estagnados, não pelo fato de os obstáculos serem grandes de mais, e sim por não sermos grandes o suficiente! Porque um dia um deus literário já disse: “Sou do tamanho do que vejo e não do tamanho da minha altura!”

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Para aquelas páginas que precisam ser viradas

Amigo diário, hoje foi dia de faxina em casa, entediante como sempre, mas algo me chamou a atenção: uma gaveta. Deveras nunca dei tanta atenção àquela gaveta em especial ao ponto de surpreender-me com o conteúdo. Como em tantas outras gavetas por aí, viam-se dobrados papéis diversos, fotografias, bilhetes de uns muitos amigos (ou de pessoas nem tão amigas assim), alguns CDs que não os ouvia há tempos, boletins de anos passados, pequenos presentes que me remetiam a algumas pessoas, lenços de papel umedecidos por algumas lágrimas. Enfim, coisas que me fizeram lembrar outras tantas coisas, boas ou ruins, me fizeram retroceder vários capítulos vividos. Aliás, por que insistimos em agir como diários? Ficamos marcados pelas páginas passadas, principalmente aquelas nas quais as palavras foram grafadas com uma maior intensidade, ou por euforia, ou por dor, rancor ou tantos outros inenarráveis sentimentos, mas que por um motivo ou outro marcaram mais. Assim como você, querido diário, eu e todos os outros humanos e diários somos marcados pelas páginas que se passaram, mas, ao contrário de vocês, inanimados diários, nós humanos insistimos em reviver as páginas passadas, exaustivamente, ao ponto de nos prendermos a elas, nos fazendo escrever as de hoje quase que refletidas nas anteriores. Acho até que gostamos de reler todos os dramas passados, para nos sentirmos melhores ou piores, melhores por ver que os dias já estiveram mais negros e piores por nos deixar contaminar com os dramas antepassados aos presentes. Acho que isso caracteriza o ser humano, fadar-se ao antigo, ao passado, porque os erros de antigamente servem de argumento para a fraqueza que nos impede de nos lançar ao novo, ao desconhecido. Torna-nos covardes. Creio que isso se deve a essa insistente mania de má interpretação inerente ao ser humano, essa dificuldade que temos de ver o sentido real das coisas, porque, a meu ver, suas páginas, querido diário, servem como páginas de um livro que consultamos pra esclarecer dúvidas, evitar novos erros, e não evitar que tentemos novas experiências. É por isso diário que te vejo com um manual ao escrever em ti novas páginas, não como um espelho que me fará refletir as páginas passadas, mas sim um modelo a ser analisado ao criar as de hoje. Não é necessário arrancar-te as páginas anteriores, esquecê-las, mas sim vê-las como ensinamentos porque o que faz um leitor virar a página de um livro é a vontade de ler as que seguem as anteriores, de se surpreender, de sorrir novamente, de chorar novamente, mas sempre de ver uma nova história, porque se isso não fosse necessário, existiria apenas um livro com apenas uma página no mundo e isso bastaria aos humanos. Creio que não basta.