quinta-feira, 28 de junho de 2012

Olhando melhor para a própria geladeira.


E os dias vão se arrastando, e sem perceber você se acostuma a errar. Exatamente, com a insistente e progressiva rotina que se torna o erro, um dia você acorda e percebe que ele já é algo tão corriqueiro quanto pedir torradas e café com leite no café da manhã ou pedir mais cebolas no filé. Decisões erradas, pessoas erradas, a roupa errada, o nome errado pro seu cachorro, a cor de cabelo errada, os amigos errados, o perfume errado, o dia errado pra tomar aquele porre. E você aprende a se perdoar por isso. Entretanto em meio a tantos passos em falso, um dia você pisa em solo firme e mesmo assim salta esperando que ele se desfaça. Em meio a tantos erros, você se depara com um acerto, entretanto acaba por não o ver, e como é de se esperar persiste no erro, e talvez esse seja o pior deles, persistir no erro. Acho talvez que seja esse o motivo de tanta procura que nos leva a colecionar tantos equívocos, dormimos e acordamos com nossos objetivos já alcançados e simplesmente não percebemos. Acho que é algo inerente a eterna caçada humana, procuramos as coisas erradas em lugares errados, e isso vai de procurar nos outros as coisas que devíamos encontrar em nós mesmos até erros um pouco mais subliminares como desejar aquilo que sem perceber já possuímos. Então quem sabe se algum dia dermos mais atenção ao nosso próprio guarda-roupas, com um pouco mais de carinho e não menos boa vontade encontramos aquela camisa certa, pro momento certo, no lugar certo com as pessoas certas. Afinal, o segredo de ser feliz está em fazer um banquete com o que se tem na geladeira, e a geladeira pode vir a nos surpreender.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

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Não, definitivamente não concordo com essa história de metade da laranja, da maçã, ou de qualquer outro fruto que se refira à metáfora. Não me prendo é essa utopia de alma gêmea que me completa, que te completa, que acaba por completar todo mundo. Definitivamente não estou à procura de metades, nunca fui uma, logo não nos encaixaríamos tão bem, afinal metades são um “quase” de alguma coisa, uma parte do que poderia ser um todo e acabou por não ser. Orgulho-me, ou talvez não devesse tanto assim, de não me contentar com o que não é completo, é algo sem sentido como tomar metade de um livro para ler, você acaba se privando ou do inicio, do fim, ou de alguma parte, que como todas as outras partes, são extremamente importantes. Não perco tempo colecionando e revirando fragmentos, acaba por ser uma missão extremamente egoísta: olha-se uma brecha e tenta-se corrigi-la com o pedaço que se adéqüe com maior exatidão. Esse serve, esse não, esse talvez, esse nem tanto, esse com mais um pouco serve... e você se ocupa demais selecionando qual projeção se encaixa melhor. Então acho que o que se deve fazer, é esperar que não haja fendas, que as brechas fechem por si só, e que aquilo que te encontrar pelo caminho, não te complete, te acrescente, porque remendos podem vir a cair com o menor balanço de vento, e não queremos isso.