quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Entao é assim, sem vilões, sem vítimas, com ou sem finais felizes! Histórias do mundo real, histórias de gente quase grande!

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

E aos poucos os brinquedos perdiam as cores, as flores já não tinham nem de longe a mesma aparência. Algumas músicas já não me cortavam a pele em um arrepio. Sorrisos já não me impressionavam, coisas já não me interessavam, algumas pessoas menos ainda que os sorrisos e as coisas. E como um raio me atingindo percebi que não encontrava a resposta para esse dilema, simplesmente porque insistia na pergunta errada, afinal não eram as coisas quem mudavam de fato, quem já não se sentia o mesmo era eu, e de definitivamente não o era. Percebi-me dentro de casa a olhar para os lençóis brancos estendidos nos quintais dos visinhos, mas olhando através das minhas vidraças, se os lençóis estavam bem limpos ou claramente porcos não importava, porque lhes eram antecipadamente e até cruelmente impostas a sujeira, as marcas, o pó que se assentava em minhas janelas sujas, e essas sim o estavam, e insistiam em falsamente igualar os lençóis. Bastava que eu me levantasse e as limpasse, mas mesmo com a consciência de minha displicência, o que fiz foi acomodar-me ainda mais em minha cadeira e continuar a assistir os “sujos” lençóis, afinal, o que os vizinhos falariam ao me ver reconhecer e corrigir em público minhas tão sujas janelas, definitivamente não as limparia. Mais cômodo manter minha, mesmo que suja, honra, e afinal, lençóis são apenas lençóis, se alvos de limpeza ou encardidos de mau zelo serão sempre lençóis, e confesso que os últimos são ainda mais alvos de atenção, ainda mais se alheios. Por isso preferi deixar que minhas vidraças se amarelassem por completo, para tardiamente perceber que junto com a brancura dos lençóis perdia também a dos sorrisos que passavam pela rua, as cores das flores e dos brinquedos, e infelizmente sorrisos não são apenas sorrisos, flores não são apenas flores e brinquedos não são apenas brinquedos. Vendo isso vi em olhar para dentro de casa como uma forma de disfarçar o tédio, e definitivamente não gostei de me deparar comigo mesmo sentado em uma poltrona dentro de uma casa vazia, vazia e não menos suja que as janelas.