domingo, 22 de julho de 2012

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E quando por um acaso você resolver passar uma hora a mais na cama, de frente a tv, uma hora a mais odiando alguém, uma hora a mais amando o dinheiro mais que a voce mesmo, lembre-se que em uma hora se tem 60 minutos, e em um minuto seu coração bate em média 75 vezes, ou seja, você apenas está perdendo 4500 batimentos cardíacos com uma coisa que realmente não tem importância, e olhando mais de perto e com mais carinho e poesia, perde-se 4500 chances que o universo te dá para tentar fazer tudo novamente, e o mais parecido com o que deveria ter sido da primeira vez. Assim, você acaba percebendo que esta perdendo bem mais que uma simples hora. 

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Aos incansáveis atores


Acontece meio que assim: conhecemos alguém, a partir daí começamos a nos modelar de forma que passamos a nos parecer o mais fiel possível com aquilo que achamos que ela gostaria que nos parecemos. Criamos uma projeção que pensamos se encaixar o mais adequadamente possível às ambições alheias, e acho que em meio a tantas e diferentes projeções, chegamos a um ponto em que a bagunça é tanta que já não temos o discernimento de quem realmente somos, ou melhor, de quem um dia fomos, antes de tantos papéis e tantos cenários que criamos. É ai onde tudo começa se fragmentar, porque querendo ou não, um dia queremos algo além de um espetáculo, queremos simplesmente que as cortinas não se fechem, e que o ator em si se torne o protagonista, queremos o papel principal, entretanto os personagens ainda falam mais alto, entornamos lágrimas que não são nossas, entoamos cantos que não nos fazem o menor sentido, sorrimos sorrisos amarelos e gelados, tudo perfeitamente ensaiado, ensaiado para acabar ao final do último aplauso. O último aplauso, as cortinas se fecham, as luzes se apagam, máscaras são tiradas, ninguém vê nada, ninguém sente nada, enquanto se tira a maquiagem uma lagrima escapa, mas é apenas o pó nos olhos, afinal não há tempo, outro espetáculo logo tem de começar. 

terça-feira, 10 de julho de 2012


Preocupados demais em encontrar um cara novo ou  em encontrar o cara certo, acabamos por nos esquecer  de nos certificar de que se tentarmos ser um cara novo, ou o cara certo as coisas possam se ajeitar de uma forma menos hostil. Quem sabe eles estão em algum lugar lá dentro de nós ansiosos por serem achados, ou ao menos deveriam estar.
Se você segue a receita e no final ainda dá tudo errado, a receita está errada
‎" E me perdoem os que um dia julguei, só tentei me certificar de que também fariam errado assim como o fiz e quem sabe aliviar o peso da decepção."

A essência de ser fagulha


E talvez seja nisso em que eu me assemelhe mais á uma fagulha. Disfarçadamente venho tamborilando pelo vento e me instalo. Ali faço meu ninho, em meio às folhas mortas, em meio ao cerrado castigado pela seca, timidamente vou me alojando. E como uma fagulha ao menor sopro de vento me mostro, desdobro-me no que parece ser minha verdadeira essência. Em um verdadeiro espetáculo de luzes me mostro voraz, incandescente, intenso, ardente. Uma presença que pode se jurar eterna. E aos poucos vou consumindo o que toco, tragando junto comigo tudo aquilo o que me cerca, aquecendo e iluminando a noite fria. E também como as chamas, ao menor sinal de que já devorei tudo o que tinha para devorar, depois de tocar o que se fez atingível me desfaço em sorrateira fumaça, e em outras tantas fagulhas para mais uma vez fazer cinzas dos campos que ingenuamente me acolherem.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Lição de matemática


Sim, eu acho que posso me arriscar a dizer que vai um pouco além, do já tão complexo, teorema amar e ser amado. Obstinados nessa dicotomia básica em nossa procura por aquilo que seja o mais parecido com nossas projeções do que é o amor, esquecemos de que a essa operação somam-se, multiplicam-se, dividem-se outras tantas operações. Esquece-se de subtrair as discordâncias e de elevar a altos expoentes de compreensão. Pior ainda, deixa passar por despercebido um equilíbrio básico entre egos, estabelecer um percentual exato de onde o meu eu termina e onde o outro começa, evitando um duelo que quase sempre é fatal para ambos, porque nada mais ameaçador que algo que por vias venha a aranhar nossos tão lustrosos e perfeitos egos. Por fim acabamos por perceber que somos péssimos com números e nos aventuramos com as palavras que parecem mais dóceis. Eu te amo. Simples e objetivo. Eu te amo. Quer dizer exatamente o que diz. Eu te amo. Entretanto, pode não dizer mais nada.