segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Filosofia das bicicletas


Diário. Hoje me surpreendi com uma coisa que creio passar por total despercebido aos humanos: as bicicletas. Andando por uma rua qualquer do centro da cidade, notei uns garotos que deslizavam furtivamente por entre os carros sobre suas bicicletas, e assim o fizeram ate que chegaram a um outro lugar em que estavam outros muitos garotos e suas bicicletas, estas jogadas sobre o pavimento da calcada . Ali os garotos que corriam em suas bicicletas desceram e as soltaram, foi ai que algo surpreendente ocorreu: elas caíram. Prezado diário, ali naquela cena não vi bicicletas caírem, mas sim seres humanos. Se tivesses boca, creio que riria de mim, ignorante diário, mas creio que e nisso que as bicicletas se assemelham a nos humanos, caímos se algo não nos pesa às costas. Creio que seja o peso que nos forca as sermos fortes, obriga-nos a conseguir forcas para que não sejamos esmagados ou para que não caiamos como as bicicletas sem seus meninos. As dificuldades nos tornam novos, nos dão equilíbrio para que continuemos seguindo, uns mais lentos, outros mais rápidos ou por estarem mais pesados ou mais leves, mas sempre com algum peso. Vejo esse peso não como uma amarra que nos prende os pés, que nos evita a tomada do caminho, vejo-o como os garotos sobre as bicicletas, uma vez que sem eles as bicicletas ficariam inertes, paradas sob o sol, sob a chuva. Sempre ali paradas. E creio que bicicletas paradas sejam inúteis. E, na verdade, o são!

Um comentário:

  1. Gostei da ousadia do teu post!
    Uma vez eu me perguntei o porquê de sermos tão insistentes e nos levantar. "Poxa! A culpa deveria ser da nossa ganância em querer ficar de pé! O melhor a fazer deveria manter-se lá, caído. Pronto. Assim não há tombo", pensei comigo.
    Daí veio a ideia letal: "mas também não há vida".
    Não que eu deixaria de viver se eu sempre estivesse caído, porém não entenderia o motivo de viver: cair para levantar e levantar para voltar a cair (se não tiver aprendido a se segurar). Simples, né?
    Agora profundo mesmo foi a tua comparação: somos bicicletas e nossos pesos, que nos sustentam, os garotos que podem ou não nos largar pelos pavimentos das calçadas.
    Excelente simplismo num tão profundo mergulho.

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