E talvez seja nisso em que eu me
assemelhe mais á uma fagulha. Disfarçadamente venho tamborilando pelo vento e me
instalo. Ali faço meu ninho, em meio às folhas mortas, em meio ao cerrado
castigado pela seca, timidamente vou me alojando. E como uma fagulha ao menor
sopro de vento me mostro, desdobro-me no que parece ser minha verdadeira essência.
Em um verdadeiro espetáculo de luzes me mostro voraz, incandescente, intenso,
ardente. Uma presença que pode se jurar eterna. E aos poucos vou consumindo o
que toco, tragando junto comigo tudo aquilo o que me cerca, aquecendo e
iluminando a noite fria. E também como as chamas, ao menor sinal de que já devorei
tudo o que tinha para devorar, depois de tocar o que se fez atingível me
desfaço em sorrateira fumaça, e em outras tantas fagulhas para mais uma vez
fazer cinzas dos campos que ingenuamente me acolherem.
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