segunda-feira, 16 de julho de 2012

Aos incansáveis atores


Acontece meio que assim: conhecemos alguém, a partir daí começamos a nos modelar de forma que passamos a nos parecer o mais fiel possível com aquilo que achamos que ela gostaria que nos parecemos. Criamos uma projeção que pensamos se encaixar o mais adequadamente possível às ambições alheias, e acho que em meio a tantas e diferentes projeções, chegamos a um ponto em que a bagunça é tanta que já não temos o discernimento de quem realmente somos, ou melhor, de quem um dia fomos, antes de tantos papéis e tantos cenários que criamos. É ai onde tudo começa se fragmentar, porque querendo ou não, um dia queremos algo além de um espetáculo, queremos simplesmente que as cortinas não se fechem, e que o ator em si se torne o protagonista, queremos o papel principal, entretanto os personagens ainda falam mais alto, entornamos lágrimas que não são nossas, entoamos cantos que não nos fazem o menor sentido, sorrimos sorrisos amarelos e gelados, tudo perfeitamente ensaiado, ensaiado para acabar ao final do último aplauso. O último aplauso, as cortinas se fecham, as luzes se apagam, máscaras são tiradas, ninguém vê nada, ninguém sente nada, enquanto se tira a maquiagem uma lagrima escapa, mas é apenas o pó nos olhos, afinal não há tempo, outro espetáculo logo tem de começar. 

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